悠久 — 瞬間の永続性

日本の激動の時代にインスピレーションを受けたこのコレクションは、
急速な近代化、長年の伝統の崩壊、そして新たな文化的アイデンティティの模索に彩られた時代の中で、
決して消えることのない、芸術が残す痕跡を捉えようとする思いから生まれました。

Yūkyū(悠久) は、繊細なものの永続性への賛辞です。
すべてのピースは、日本の三人の偉大な芸術家 — 小原古邨、上村松園、恩地孝四郎、の影響を受けています。
彼らの作品は、儚さだけでなく、記憶、内省、抑えられた力、そして静かな声をも表現し、時代を超えて響き続けています。

このコレクションは、衝撃ではなく「余韻(よいん)」を求めるものです。
線の繊細さ、柔らかな質感、静かな選択の中に、悠久はその本質を映し出します。
それは、流れるのではなく、ただ存在し続ける時間なのです。

このページでは、コレクションの詩的・視覚的なルーツを紹介します。
インスピレーションを与えた芸術家たち、その歴史的背景、そしてそれぞれの作品が内包する意味を探ることで、
ゆっくりと見つめ、深く感じ、静かに学ぶことへの招待となるでしょう。

Yūkyū — A permanência do instante

Inspirada por um período turbulento do Japão, esta coleção nasce do desejo de capturar as marcas deixadas pela arte, marcas que jamais se apagam, em meio a uma época marcada pela modernização acelerada, pela ruptura de tradições de longa data e pela busca por uma nova identidade cultural.

Yūkyū (悠久) é um tributo à permanência do sensível.
Cada peça é influenciada por três grandes artistas japoneses, Ohara Koson, Uemura Shōen e Kōshirō Onchi.
As obras desses artistas expressam não apenas a efemeridade, mas também a memória, a introspecção, a força contida e uma voz silenciosa que ecoa através das eras.

Esta coleção não busca o impacto, mas sim o eco.
Na sutileza dos traços, nas texturas suaves e nas escolhas silenciosas, Yūkyū revela sua essência: um tempo que não flui, apenas permanece.

Nesta página, apresentamos as raízes poéticas e visuais da coleção.
É um convite a observar com calma, a sentir com profundidade e a aprender em silêncio, por meio da exploração dos artistas que inspiraram esta obra, do contexto histórico em que estavam inseridos e dos significados contidos em suas criações.

Japão, final do século XIX e início do século XX

Após mais de dois séculos de isolamento, o Japão se abriu ao mundo com a Restauração Meiji (1868), iniciando um processo intenso de modernização. Ferrovias, fábricas, escolas, roupas ocidentais e novas tecnologias transformaram o cotidiano — e com elas, surgiu o desafio de equilibrar tradição, cultura e futuro.

Esse não foi apenas um movimento de ocidentalização, mas uma tentativa de preservar a autonomia cultural diante de um mundo em mudança.
Em meio a esse turbilhão, a arte tornou-se um espaço de memória.
Enquanto o país avançava, alguns artistas voltaram os olhos para o que consideravam essencial:
a delicadeza da natureza, a força silenciosa do feminino, a expressão contida do espírito japonês.
Em seus traços suaves e composições serenas, buscaram preservar o que o tempo moderno ameaçava apagar.

Foi nesse cenário que emergiram nomes como Ohara Koson, Uemura Shōen e Kōshirō Onchi, artistas que traduziram em imagem o que não podia ser apagado. Suas obras flutuam entre o antigo e o novo, entre o visível e o que só se sente.

A coleção Yūkyū nasce desse mesmo espírito:
Do encontro entre o efêmero e a persistência.
De uma história feita não só de rupturas, mas também de permanências sutis, como um traço que ainda vibra.

Como preservar o que não se vê?

Como sustentar, diante do ruído do mundo, a potência do que é sutil, aquilo que fala com o olhar, com a pausa, com o espaço que respira?

Em busca dessas respostas, a coleção Yūkyū encontrou três nomes cujas obras ecoam muito além da imagem.

Conheça os artistas que deram forma ao invisível.

Ohara Koson (1877–1945)

A delicadeza como forma de resistência

Ohara Koson viveu em um Japão em transformação — da tradição à modernidade, do isolamento à abertura ao Ocidente. Começou sua carreira com ilustrações de guerra, mas logo se afastou desses temas para se dedicar à natureza, especializando-se no estilo kacho-ga, que retrata aves e flores com precisão e lirismo.

Em vez de seguir a onda nacionalista ou industrial, Koson escolheu o silêncio dos ramos, o voo suspenso, o instante contido. Suas xilogravuras foram amplamente reconhecidas por colecionadores estrangeiros, especialmente durante a ocupação americana, enquanto no Japão eram vistas, por um tempo, como nostálgicas.

Hoje, seu legado é compreendido como um gesto de preservação estética — uma tentativa de eternizar o que parecia prestes a desaparecer.

Koson não retratou o progresso, mas aquilo que resiste em silêncio: o efêmero transformado em permanência.

Atribuída a Ohara Koson

Kōshirō Onchi (1891–1955)

O abstrato como linguagem da alma

Kōshirō Onchi foi um dos principais nomes da arte moderna japonesa e fundador do movimento sōsaku-hanga (“gravura criativa”), que defendia a autonomia total do artista, da criação ao entalhe e impressão. Em oposição às gravuras produzidas em equipe, ele via a arte como expressão pessoal e íntima.

Filho de um médico da corte imperial, cresceu em meio a livros, música e caligrafia, o que influenciou profundamente sua visão artística. Formado em belas artes, Onchi experimentou a poesia visual por meio de formas abstratas e composições carregadas de emoção. Sua obra não buscava retratar o mundo exterior, mas traduzir memórias, estados de espírito e sentimentos profundos.

Após a perda de sua esposa na Segunda Guerra, suas gravuras tornaram-se ainda mais introspectivas, quase silenciosas. Ele via a arte como um reflexo da alma, feita para ser sentida, não explicada.

Onchi não pintava o que via, mas o que permanecia depois que tudo passava: o traço de uma emoção, o vazio que também fala.

Uemura Shōen (1875–1949)

A dignidade feminina como arte

Uemura Shōen foi uma das primeiras mulheres a alcançar reconhecimento na pintura japonesa em uma época dominada por homens. Educada pela mãe desde cedo, estudou arte contra as expectativas sociais e se destacou no estilo nihonga, que combinava técnicas tradicionais com influências modernas.

Diferente das representações comuns da mulher como gueixa ou figura decorativa, Shōen pintava figuras femininas com introspecção, força e serenidade. Suas personagens não seduzem, resistem, existem, observam. Em 1941, tornou-se a primeira mulher a receber o Prêmio de Arte Imperial, marcando uma mudança histórica na presença feminina nas artes do Japão.

Sua obra é marcada por uma elegância contida e um olhar profundo sobre a alma feminina, não idealizada, mas sentida.

Shōen pintava mulheres que não precisavam falar alto para ocupar espaço. Sua arte é voz serena, mas firme — um espelho da força quieta.

Raízes Visuais da Coleção

Esta galeria reúne as obras que inspiraram a coleção Yūkyū. São imagens que preservam o instante, a delicadeza e o gesto contido, são marcas da estética japonesa que resistem ao tempo e continuam a ecoar, mesmo em novas formas.

Do papel ao tecido: o caminho da criação

Nesta seção, apresentamos como as obras de Ohara Koson, Uemura Shōen e Kōshirō Onchi inspiraram diretamente a construção visual da coleção.
Das escolhas formais aos elementos simbólicos, revelamos os caminhos que transformaram gravuras, retratos e composições abstratas em estampas contemporâneas.
Um processo feito de observação, escuta e reinvençã, onde o passado encontra nova permanência.

Uemura Shōen

Diferente das demais estampas da coleção, a imagem inspirada por Uemura Shōen não resulta da junção de obras, mas da escolha consciente de preservar uma única figura.

A mulher retratada, com postura firme e expressão serena, carrega em si todos os elementos que buscamos expressar: introspecção, elegância e presença silenciosa.
A força da imagem está justamente em sua completude, não havia o que somar, nem o que dividir.

Manter essa obra intacta foi uma forma de respeitar o gesto original de Shōen: dar forma à dignidade feminina em um tempo em que isso ainda era resistência.

Ohara Koson

A estampa foi criada a partir da junção de diferentes obras de Ohara Koson, reorganizadas em uma nova composição. Elementos como aves, galhos e flores foram selecionados por sua força visual e equilíbrio entre leveza e intensidade.

A escolha das formas, cores e disposição buscou preservar o silêncio e a elegância presentes na estética de Koson, transformando fragmentos independentes em uma cena coesa, sutil e contemplativa.

Kōshirō Onchi

A estampa desenvolvida a partir das obras de Kōshirō Onchi reúne elementos de diferentes composições abstratas, reinterpretando suas formas orgânicas, sobreposições e gestos suspensos.

As cores densas, os vazios intencionais e a fluidez dos contornos foram reorganizados para criar uma nova imagem que preserva a atmosfera emocional característica de Onchi.
A figura em mergulho e os elementos flutuantes traduzem estados de transição, entre equilíbrio e queda, leveza e profundidade.

O resultado é uma composição silenciosa, feita para ser sentida antes de ser compreendida.

A coleção Yūkyū propõe uma reflexão sobre permanência estética em contextos de ruptura histórica. Inspirada pelo Japão do final do século XIX e início do século XX ,período de profundas transformações sociais, culturais e visuais, a proposta parte da interseção entre tradição e reinvenção.

Guiada pelas obras de Ohara Koson, Uemura Shōen e Kōshirō Onchi, a coleção investiga diferentes formas de representação do sensível: a natureza como símbolo de continuidade, o feminino como expressão de força silenciosa, e a abstração como linguagem da interioridade.

O desenvolvimento das estampas partiu de um processo de observação e curadoria, no qual elementos visuais foram isolados, reorganizados e adaptados ao suporte têxtil, sempre respeitando a integridade formal e simbólica das imagens originais. Em alguns casos, optou-se por manter a obra integral; em outros, fragmentos foram recombinados para gerar novas composições.

Yūkyū não busca reproduzir, mas traduzir. Cada peça é resultado de escolhas conscientes entre forma, silêncio e tempo, reafirmando que o passado não se apaga, mas se transforma, quando olhado com atenção.